-
Lachoix
Nunca consegui andar com saltos altos. Por isso os ténis são o meus sapatos preferidos. Tenho vários comprados na Feira do Relógio, baratinhos que fazem figura. Mas vejo uns sapatos rasos bonitos a venda on line, e com muito bom aspecto, fico encantada. São elegantes mas ao ver que custam 190€ desisto de imediato. A marca a soar a francês, mas a Lachoix nasceu em Portugal às mãos de Fátima Carvalho, que teve a ideia em 2014, trabalhou nela ao longo de quatro anos até ao lançamento oficial. A Lachoix surge e tem sido um sucesso. Além dos modelos em pele, a Lachoix apresenta sapatos rasos com padrão animal e o são em veludo cristal, disponível em quatro cores: preto, verde-musgo, bordeaux e azul-noite. Tudo chique. Este tipo de sapato usa-se no ano inteiro. A ideia da dona é ir fazendo edições especiais e alguns lançamentos, sem se prender a estações ou tendências.…
-
Se me amas, não te demores! – Raul Minh’alma
Vi o escritor a ser entrevistado na televisão e gostei do que ouvi. Pareceu-me um escritor sem vaidades a falar simples para as pessoas comuns. Eu gosto de ler Raul Minh’alma, o escritor mais vendido em Portugal em 2020 e 2019, e agora lança uma nova e inesquecível história de amor que vai mostrar a importância de viver no momento presente. Raul Minh’Alma olha para o seu sucesso e tenta encontrar explicações possíveis para o fenómeno, e não tem dúvidas de que a crítica literária nunca o premiará pelo seu trabalho, muito devido ao tipo de histórias que conta e que o público identifica como serem de amor. O escritor, gosta mais de chamar os seus livros “histórias de desenvolvimento pessoal” em que o amor serve apenas para agarrar o leitor as mensagens que vai dando. Este novo livro “Se me amas, não te demores!” tem uma história interessante onde…
-
The Card Counter
The Card Counter: “O Jogador”, de Paul Schrader foi o melhor filme que vi este ano. Contado com intensidade cinematográfica, marca registrada de Schrader, este thriller conta a história de um ex-interrogador militar que se torna num jogador assombrado por fantasmas das suas decisões do passado. Estamos sempre à espera do pior mas a câmara vai devagar e bem. Magníficas interpretações de Oscar Isaac, Tiffany Haddish, Tye Sheridan e Willem Dafoe que todos juntos fazem um filme com muita mensagem. A música bem escolhida e a mensagem é clara: será que se está melhor numa prisão com rotinas simples ou cá fora onde gente má anda à solta? A cena final é bonita onde umas longas unhas de gel se encontram com o dedo de quem está preso e se fixam. A produção e de Martin Scorsese. Um filme não aconselhável a quem é medricas. Intenso. Bravo Paul Schrader.
-
O Polícia
Muitas vezes passei a frente do Restaurante Polícia e pensava: “quando for grande vou entrar e experimentar a comida”. Tinha ótimas informações sobre o restaurante mas que era caro e que era frequentado por gente da cultura. Fui almoçar com reserva para as 14hs. Entrei e gostei logo do ambiente. Muito calmo com o sol a dar na sala. Os empregados parecem invisíveis. Fazem o seu trabalho, atentos e profissionais. Pedi uns filetes de pescada com arroz de tomate e soube-me muito bem pela frescura e simplicidade. O arroz de tomate fez-me lembrar o da minha mãe que me deliciou. Sem pressa a desfrutar do belo ambiente veio uma sobremesa inusitada: leite creme polvilhado com canela e é uma boa combinação. O vinho branco ficou no gelo e foi servido aos poucos para não aquecer. Não senti pressa nos empregados. A sala confortável e com “bom aspeto”, senti um clima…
-
Mize – Ricardo Adolfo
Nunca tinha ouvido falar do escritor Ricardo Adolfo. Numa aula de escrita criativa que frequento, o formador aconselhou a leitura este livro e torci a nariz. Lá o comprei e achei- o muito divertido e bem escrito. Cheio de humor. Ricardo Adolfo, nasceu em Luanda em 1974. Viveu nos arredores de Lisboa, em Macau, em Amesterdão e em Londres. De momento vive em Tóquio. Escreveu os livros infantis Os monstrinhos da roupa suja e Minimini, o livro de contos Os chouriços são todos para assar e os romances Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas, Maria dos Canos Serrados, Tóquio vive longe da terra, e Mizé, antes galdéria do que normal remediada. Para o cinema e a televisão escreveu Sara, vencedora de melhor série nos prémios Sophia e SPA 2019, e a longa metragem São Jorge, premiada no 73.º Festival de Cinema de Veneza. A sua obra está publicada de Portugal ao Japão A história de Mize que vive nos arredores de Lisboa, tenta…
-
Lua Amarela
Tento nunca faltar as peças que os Artistas Unidos apresentam. Sejam do próprio grupo ao até de acolhimento. Ontem não sabia ao que aí. Quando começou o espetáculo vi logo que não era para dispor bem e sair de sorriso. Em cena estava 2 atores muito novos. O Macho Lee e a Leila e outro que é padrasto do Lee. Os atores com uma bela dicção, com uma elasticidade corporal acima do normal, mostraram como se faz teatro. São eles o Gonçalo Norton, a Rita Rocha Silva e o Paulo Pinto. A peça é um drama que não pode acabar bem, mesmo que a personagem Leila vá dizendo “está tudo bem”. Eu sentada na cadeira fui olhando para o que me estavam a mostrar e fiquei quase aflita porque pensei que estava também naquele palco a interagir com os atores. A encenação é do Pedro Carraça que vai crescendo…
-
Lenda do Verão de S. Martinho
Martinho era um valente soldado romano que estava a regressar da Itália para a sua terra, algures em França. Montado no seu cavalo estava a passar num caminho para atravessar uma serra muito alta, chamada Alpes e, lá no alto, fazia muito, muito frio, vento e mau tempo. Martinho estava agasalhado normalmente para a época: tinha uma capa vermelha, que os soldados romanos normalmente usavam.De repente, aparece-lhe um homem muito pobre, vestido de roupas já velhas e rotas, cheio de frio que lhe pediu esmola.Infelizmente, Martinho não tinha nada para lhe dar. Então, pegou na espada, levantou-a e deu um golpe na sua capa. Cortou-a ao meio e deu metade ao pobre.Nesse momento, de repente, as nuvens e o mau tempo desapareceram. Parecia que era Verão! Foi como uma recompensa de Deus a Martinho por ele ter sido bom. É por isso que todos os anos, nesta altura do ano,…
-
A Capulana
Quando o Presidente Mandela da África do Sul vestia-se com camisas coloridas, berrantes o mundo começou a interrogar-se o que era aquilo. Pois eram camisas muito bem feitas mas de pano de Capulana. Uma capulana é um pano retangular de algodão, com motivos estampados e cores fortes. Normalmente, o estampado representa cenas da flora e fauna das savanas de África e os desenhos geométricos a forte influência árabe. Este pedaço de tecido colorido, que gera encanto e curiosidade por onde passa teve a sua origem, há alguns séculos, no continente asiático e chega a África por intermédio das trocas comerciais que, pouco a pouco, aportam à costa do Índico. A história diz que a capulana chegou a África pela primeira vez nos Séculos IX a X, no âmbito das trocas comerciais entres árabes persas e povos que viviam ao longo do litoral. A capulana é usada nos países africanos de diferentes maneiras. Em…
-
O meu ano com Salinger
Hoje foi dia de ir ao cinema. Escolhi “O meu ano com Salinger” passado na década de 1990. A jovem Joana, cheia de vontade em tornar-se escritora e poetisa, deixa a sua terra natal e tenta a sorte na cidade de Nova Iorque. Ali, enquanto a oportunidade não chega, arranja trabalho numa das mais importantes editoras da cidade. A sua principal tarefa é tratar da correspondência de escritores reconhecidos, em particular de J. D. Salinger, autor do extraordinário “À Espera no Centeio”. Apesar da fama de eremita que ele cultivou e do seu pouco ou nenhum contacto com o exterior, Joanna e Salinger criam uma relação de proximidade. Estreado no Festival de Cinema de Berlim, um filme dramático realizado por Philippe Falardeau e centrado na figura da jovem Joana. História bem contada, sóbrio e emotivo. Gostei.