João Pedro Vala, Grande Turismo
Com um ótimo sentido de humor e um verdadeiro talento para a escrita, fomos conhecer João Pedro Vala.
Licenciou-se em Gestão, mas um dia sentiu o apelo das letras e mudou de rumo!
Começou por fazer critica literária, acabando por se aventurar na escrita.
Agora chega ao mercado com Grande Turismo, o seu primeiro livro, motivo mais que suficiente para uma conversa descontraída.
Como foi que decidiu que a escrita era o seu caminho?
Decidi escrever quando percebi que uma tremenda e indesculpável falta de jeito para os assuntos práticos do mundo me impedia de participar activamente neste, pelo que me restava apenas a alternativa de o observar melancolicamente ao longe. No fundo, acho que escrevo pelo mesmo motivo que gosto de ver futebol: não me deixam entrar em campo.
Foi fácil deixar a gestão?
Sim, mas apenas porque percebi que o mercado para gestores medíocres em Portugal estava já bastante saturado.
Antes de lançar “Grande Turismo” fez uma tese de doutoramento sobre Marcel Proust! Que conclusões chegou?
É da natureza das investigações em assuntos merecedores de investigação concluir que são saídas fáceis para a nossa incapacidade de captar o que quer que seja. Acho que quatro anos de investigação me permitiram apenas chegar a uma definição relativamente precisa do problema que pretendia resolver. O problema, propriamente dito, continua por aí à solta. Pode ser que um dia nos voltemos a cruzar.
Consegue definir o seu estilo de escrita?
Infelizmente, nunca me li, pelo que posso apenas especular.
Quais são as suas maiores influências?
Para me mostrar erudito, diria que os autores que mais li e em que mais me revi serão o Philip Roth, o Proust e o Salinger, mas, para ser franco, sou muito mais influenciado, em mais do que um sentido, pelo que me dizem as pessoas que me rodeiam e com quem me cruzo.
Desistiu da gestão em 2011, porque demorou tanto tempo para lançar este primeiro livro?
Estive dez anos a tentar tornar-me escritor. Quando percebi o absurdo do projecto, sentei-me a escrever.
Agora é editado “Grande Turismo”
Que livro é este?
Diria que é uma história sobre um tipo, bastante parecido comigo até no nome, que tenta fazer sentido da desgraça que é não ter desgraça nenhuma. Não querendo estragar o livro a ninguém, não me cheira que tenha grande sucesso.
Qual a ligação de João Pedro Vala com o autor?
Conhecemo-nos vagamente, assim de vista. Já estivemos juntos em alguns jantares de amigos em comum, mas não temos grande intimidade.
Como é vista a Lisboa no seu livro?
Acho que Lisboa no meu livro é parecida com Ítaca na Odisseia: é uma espécie de casa distante de que tento fugir mas a que não consigo escapar.
O João é critico literário, como tem lidado com as críticas ao seu livro?
Procuro, sem grande sucesso, ignorá-las arrogantemente.
Quem acha que vai ter muito prazer ao ler o seu livro?
Não sei, mas tanto quanto sei os meus pais gostaram muito.