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A Celeste dos Cravos
Naquele dia era o aniversário de inauguração do restaurante Franjinhas com um serviço inovador de self-service, o primeiro de Lisboa. Uma festa onde não podiam faltar flores. Quando chegou ao trabalho, Celeste encontrou a porta fechada e foi informada pelo patrão de que não iria abrir porque estava em marcha uma revolução. Mas que não se desperdiçassem as flores. Levou os cravos consigo até ao Rossio, onde os tanques militares aguardavam novas ordens de Salgueiro Maia. Um soldado pedi um cigarro a Celeste, mas ela não fumava e tudo o que tinha para lhe dar era um dos cravos que tinha trazido do restaurante. O soldado aceitou a flor e colocou-a no cano da espingarda e logo os companheiros fizeram o mesmo, levando Celeste a distribuir todos os cravos que tinha nos braços. Um imagem que deu a volta ao mundo e instalou-se no imaginário dos sonhadores. Fosse Celeste fumadora e…
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Luís Louro
Ilustrador, autor de banda desenhada e fotógrafo amador, Luís Louro nasceu a 14 de junho de 1965, em Lisboa. A Banda Desenhada acompanha-o e que belas são as ilustrações que faz. Tem o curso de Técnico de Meios Audiovisuais na Escola António Arroio. E começou cedo a fazer BD aproveitando todas as oportunidades que lhe ofereciam. A sua primeira história publicada na imprensa regular foi “Estupiditia II”, que saiu no Mundo de Aventuras, em Abril de 1985, a que se seguiram outras duas histórias, nesse ano e no mesmo jornal. O seu trabalho de maior fôlego, a série Jim del Mónaco, surgiu na secção Tabloide do “Sábado Popular”, suplemento do desaparecido Diário Popular, que se estreou em 12 de Outubro de 1985. Pouco tempo depois, a série surgiria já na revista O Mosquito, tornando-se um dos raros casos de herói de sucesso das últimas décadas, na BD portuguesa. Jim del Monaco é uma personagem inspirada no…
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O fotógrafo Surreal – Hugo Suissas
No Facebook tenho visto fotografias espetaculares de Hugo Suissas que é um fotógrafo de Lisboa, e cria fotografias surreais, alucinantes e magnificas, usando perspectiva e ângulos criativos na sua composição. Ele transforma pontes simples e paisagens em lugares fantásticos, e objectos, como chaves, frutas e brinquedos infantis como adereços. Cada fotografia tem uma história e uma ideia diferente. As fotografias conseguem que o mundo as vezes chato e entediante, se transforme num mundo mais divertido. Hugo Suíssas tem 31 anos e é lisboeta de nascença, embora viva atualmente na Alemanha, onde trabalha como diretor de arte numa agência de comunicação. A fotografia começou por ser um hobby mas acabou nos últimos tempos, dado o impacto que as suas imagens criaram, por se cruzar também com a sua carreira profissional, levando-o a dar palestras, fazer parcerias, até surgir nas notícias mundiais, como recentemente no “Bored Panda”, que destaca o trabalho do fotógrafo português.…
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O Alfaiate – Ayres Gonçalo
Ayres Gonçalo, é um alfaiate de luxo e trabalha para a realeza. Mas é nosso e é Português. Tem 36 anos, é um dos alfaiates portugueses mais conceituados. Cresceu no seio de uma família tradicional de alfaiates e cedo demonstrou interesse pelo ofício. O seu avô, Ayres Carneiro da Silva foi considerado um dos melhores alfaiates portugueses com uma carreira de mais de setenta anos. Aos 16 anos, apaixonado pela alfaiataria, Ayres começou a trabalhar com o Avô. Acompanhava-o nas visitas aos clientes tornando evidente a crescente paixão pelos tecidos e provas. Ganhou experiência, aprendeu a cortar e a coser. Em 2004, com 23 anos, Ayres começou a estudar corte na Sociedad de Sastres de España, em Madrid. De noite aprendia, de dia executava, trabalhando com um prestigiado alfaiate espanhol, Pedro Muñoz. Um ano depois, é-lhe atribuído o certificado de Cortador de Sastreria pela Sociedad de Sastres de España. Vai para Londres em 2006 onde…
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A casa da Terra – Manuel Aires Mateus
Este espaço e para gente muito rica e especial. Que goste de silêncio, muito silêncio e estar quase escondido de tudo e de todos. De férias quase em retiro. Não é para todos nem o conceito, nem para a bolsa. A obra de arquitetura é de tal forma arrojada que foi eleita pelo portal de arquitetura Archt Dairy um dos edifícios mais bonitos de 2020. A poucos quilômetros de Monsaraz, o projecto desenhado pelo arquiteto Manuel Aires Mateus tentou passar quase despercebido, de forma a criar uma espécie de camuflagem no terreno ondulado da paisagem. Invisível da maioria dos ângulos, o espaço abre-se numa espécie de caverna sob uma cúpula, onde se cria um terraço que une os espaços comuns do edifício. Marcadamente minimalista, aposta em materiais crus, as fachadas de betão sem adornos e, no interior, um contraste com madeiras e pormenores deliciosos como os puxadores que são apenas fios de…
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Ballet – Marcelino Sambé
Parece um conto de fadas mas não é! Muito trabalhos muita dedicação. Marcelino Sambé, de 26 anos, tem tido uma ascensão incrível na hierarquia de uma das companhias de bailado mais prestigiadas do mundo. Em 2012 transitou diretamente da academia de Londres The Royal Ballet School, para a companhia. Um sucesso. São poucos os alunos que o conseguem. Nos anos seguintes foi pulando degraus na carreira, com promoções sucessivas para as posições de primeiro artista (2014), solista (2015), primeiro solista (2017) e, finalmente, bailarino principal (2019), o nível mais alto. Marcelino tem uma personalidade maravilhosa, que tanto encanta o público como os colegas na companhia. Filho de mãe portuguesa e pai guineense, Marcelino cresceu no bairro do Alto da Loba, em Paço de Arcos, nos arredores de Lisboa. Entrou para a Escola de Dança do Conservatório Nacional com 9 anos. A infância algo complicada, de pobreza e…
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Cortes de Lisboa
Fui ao cabeleireiro ao Colombo e na porta ao lado, estava uma linda barbearia cheia de homens. Fiquei surpresa. E encantada de encontrar um Mini vermelho antigo dentro de uma loja. O mini vermelho é um amor. O vermelho berrante chama a atenção. Eu que não ia fazer a barba resolvi entrar e tirar fotografias e todos os empregados muitos gentis. Ninguém se enganou ao estacionar este mini numa barbearia. Está bem estacionado. Na verdade, o automóvel faz parte da decoração da nova barbearia vintage, a Cortes de Lisboa. Dedicada a todos os homens que gostam de tratar de si com carinho, a barbearia tem vários serviços: corte de cabelo normal (12€); corte de barba com toalha quente (7,50€); descoloração (30€); alisamento (30€) e até massagens faciais (10€). Não são só os cabeleireiros que tratam do cabelo, também as barbearias essa missão tem um extra incluído, uma barba, Pêra, média ou completa ou o…
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Chanel nr. 5
O cheiro e o aroma do perfume Chanel nr 5 é muito intenso. Penso que é um perfume para mulheres adultas, pois quem usa deixa um rasto forte. Perfume favorito de Marilyn Monroe é a fragrância mais famosa do mundo. Chanel N.º5 foi o primeiro perfume com o nome da estilista que o criou, neste caso, a famosa Coco Chanel que desde 1959, está incorporado na coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O mundo conhece a loucura coletiva em torno do Nº. 5, mas poucas pessoas conhecem a história improvável deste perfume. Depois de ter a ideia de criar o perfume, Chanel contactou o mestre de perfumaria Ernest Beaux. A estilista francesa queria que a fragrância fosse única e que “transparecesse o seu estilo e personalidade”. Mais do que isso, o seu objetivo era refletir a sensualidade e complexidade da mulher moderna. Resultado:…
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Só
Uma palavra apenas com duas letras e tão dura e a querer dizer tanta coisa. Muita gente a sentir-se só, algumas rodeadas de gente, outras mesmo sós, vendo a vida a passar. Podemos estar acompanhados e sentirmo-nos sós! Outros gostam de estar sós! O livro de poemas “Só” foi escrito pelo nosso poeta António Nobre, em 1892, e no ano da sua primeira publicação, foi considerado como “o livro mais triste que há em Portugal”. A coletânea de poesia fala de uma infância feliz no norte de Portugal, marcada por sentimentos de nostalgia e de exílio, num perfeito equilíbrio e rutura com a estrutura formal do gênero poético da época em que se estava. Foi a única obra de António Nobre publicada em vida, constituindo um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. A obra marcada pela lamentação mas com alguma ironia. Ainda na faculdade, António Nobre familiarizou-se com…