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Filipa Vieira no Teatro Maria Matos
Filipa Vieira mostrou a Lisboa o seu mais recente e bom álbum, ” Sabe Deus“, produzido por Tiago Pais Dias. E em palco mostrou o que se sabia e esperava: parte do fado, mas a sua música não se fica por convenções, cruza outras sonoridades, com letras que recorrentemente aborda temas como o do assédio sexual. Filipa Vieira mostrou ser uma bela intérprete, forte, confiante e segura em palco, com um “look” arrojado e a léguas dos cânones tradicionais, servida por uma banda de nível: Pedro Dias (guitarra portuguesa), Flávio César Cardoso (viola), Zé Ganchinho (baixo), Manuel Oliveira (piano) e Nuno José (bateria) – com Jonas como (único) convidado do espetáculo. No fim, saí naturalmente agradado, mas voltaram-me, de forma ainda mais vincada, as interrogações do porquê desta artista não ser mais conhecida e reconhecida e de canções como “Vai Dar Banho Ao Cão” e “Cortar Os Impulsos” não andarem…
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“Barry” na nova Max
Há muitos meses que não ligava a plataforma do HBO. No outro dia decidi ligar por causa da mudança de nome. Agora já não se chama HBO, é a Max. Acabei por perder algum tempo para saber das novidades e descobri uma série chamada “Barry“. Um assassino profissional a meio de um trabalho que decide mudar de rumo. Quer deixar a profissão de assassino para ser ator. O grande motivo desta mudança é uma paixão que o nosso “herói” acaba por sentir por uma aluna de teatro. São explorados os estereótipos do mundo da representação. Os encenadores, os futuros atores e o “método Stanislavski” (o ator não tem de parecer, tem de ser) Fiquei encantado e totalmente rendido! “Barry” tem um ritmo muito próprio e interpretações brilhantes. É uma comédia negra, feita de uma forma inteligente. Impossível de ver um episódio só. Vale mesmo a pena ver. Recomendo!
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Álvaro Siza Vieira
Álvaro Siza Vieira tem 90 anos e é uma figura grande da arquitetura portuguesa e mundial. É também figura de destaque na Gulbenkian em Lisboa, com a abertura de uma grande exposição que está aberta até 26 de Agosto. Centrada no papel do desenho na obra de Álvaro Siza Vieira, esta exposição reúne esboços, retratos, apontamentos de viagens, plantas de arquitetura, fotografias, peças de mobiliário e design, pondo-nos em contacto com referências pessoais, artísticas e profissionais de Siza. Dividida em duas salas, a Galeria Principal do Edifício Sede e a Sala de Exposições Temporárias do Museu. Siza permite-nos mergulhar no universo de um dos grandes nomes da arquitetura moderna do mundo. O público curioso encheu as salas muito interessado na obra de Siza. Não deixem de ir até lá!
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Milhanas no Teatro Maria Matos
Só agora, Milhanas apresentou em Lisboa o seu álbum de estreia, “De Sombra A Sombra.” Primeira surpresa, a abertura do espetáculo: à frente de um palco escuro e com o chão iluminado com luzes de Natal, na penumbra, sentado, Ricardo Ribeiro oferece-nos “As Mondadeiras”, antes mesmo da entrada da estrela da noite. E que estrela! De entre a nova geração, Milhanas é um caso à parte, que nos entranha, derrota e arrebata. Depois, as outras surpresas, os convidados, um a um e de seguida: Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Luísa Sobral, Agir, Samuel Úria e Van Zee. Como ela disse, músicos e cantores que a inspiram. No fim, e sempre: Milhanas, enorme Carolina Milhanas, com a sua banda. E provou tudo o que dela esperava: é uma abençoada miúda, uma intérprete de excelência, uma voz incrível e grave, um timbre único que nos deixa ouvir e sentir todas as palavras. Um talento, sem paralelo por cá. Parece que…
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Somos caviar, Dave Matthews Band em Lisboa
A primeira vez que a Dave Matthews Band visitou Portugal foi num começo de uma digressão na Europa. A base de fãs em Portugal é grande e por isso fazia sentido começar aqui. Desta vez Dave Matthews pediu para acabar em Portugal: o público é tão intenso, tão vibrante que somos “Caviar, tudo o que virá depois não será igual” Foi assim que a Dave Matthews Band abordou o concerto de domingo passado. Claramente, somos conhecedores da obra da banda, sabemos as canções e passamos isso para o palco. A banda sente essa energia e quer retribuir. As canções ao vivo ganham uma outra dimensão, passam a ser longos improvisos, onde se sente quanto prazer estão a ter. No espetáculo de domingo senti um Dave Matthews com consciência politica, com um discurso que mostra a sua tristeza com os políticos americanos. O alinhamento do concerto começou pelos temas novos, mas…
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Challengers
O filme Challengers nome dado aos jogos do circuito secundário profissional do ténis. Um filme sobre uma paixão assolapada de dois amigos e parceiros por Tashi uma tenista que sofre uma lesão e torna-se treinadora e aproveitando-se da paixão dos dois amigos por ela, consegue manipulá-los a seu belo prazer. As ambições, os sonhos e as frustrações de Tashi, Art e Patrick vão acabar por leva-los para o court onde os dois antigos amigos e parceiros disputam a final, com a mulher que ambos amam a assistir. O diretor do fotografia Sayombhu Mukdeeprom transporta a câmara para sítios inusitados e inesperados durante os jogos. A banda sonora é assinada por Trent Reznor e Atticus Ross, e o antigo tenista e actual treinador Brad Gilbert foi o consultor técnico da fita e fez os três intérpretes passar por três duros meses de treino nos courts, para que o ténis jogado em Challengers fosse muito realista. Para…
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Gisela João canta Abril no Teatro Tivoli
Alguém que pegue num dicionário de sinónimos e poste aqui tudo o que corresponda a sublime, fantástico, divinal e por aí fora que ainda estou de queixo caído e pele de galinha com o espetáculo de Gisela João na noite de 25 de Abril. Num cenário todo branco, ela própria qual anjo com pés descalços num baloiço rodeado de cravos vermelhos, assim cantou, muitas vezes sentada no chão ou deitada, com aquele vozeirão e com o que lhe vinha do fundo da alma, acompanhada por apenas dois músicos (um, em viola e guitarra elétrica e outro a manobrar as teclas e os sintetizadores.) A verdade é que esta mulher é do caraças!! Abençoada! E sorte a nossa que ela é nossa! Apetece muito agradecer-lhe por uma noite linda: obrigado, Gisela João por quereres sempre ir mais além e fazer diferente nesse misto de génio com saudável loucura, que nos torna privilegiados em…
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Zé Vargas no Auditório Carlos Paredes
O talento é proporcional à dimensão física deste ex-basquetebolista que mesmo com a voz doente (que pouco se notou) mostrou os seus dotes de guitarrista e, sobretudo, de um belo compositor que sabe jogar com as palavras nas histórias que conta. No fundo, são as canções, sempre as canções que são o foco. E as de Zé Vargas são ótimas. No Auditório Carlos Paredes, na noite sábado, este foi assim o seu primeiro concerto mais a sério, testemunhado pela família, amigos, a professora de canto, o João Só e quem quis ir à descoberta de um jovem músico. Acompanhado por Johnny Barbosa (viola) e João Pestana (baixo), Zé Vargas mostrou os seus singles, os EPs “Palpites, Lado A” e “Mais Que Marias” (incluindo uma pequena homenagem à querida Sara Tavares), canções que sairão no “Palpites, Lado B” (a lançar ainda este ano), outras que talvez surjam mais tarde num LP…
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“3” de Valerie Perrin
Nunca tinha ouvido falar de Valerie Perrin, mas descobri é uma das mais importantes autoras francesas do momento. São 1700 paginas, mas não se sente tal é a qualidade desta obra. Conta a história de 3 amigos, dois meninos e uma menina. Tudo começa na escola, com 6 anos, mas a narrativa anda para trás e para a frente. “3” é uma obra inquietante, que me aproxima das várias fase das história, vivi algum daqueles momentos. Apesar de ser um livro grosso e ter demorado umas 3 semanas para concluir, sinto uma ligação gigante às personagens. Chegar a casa e entrar no universo deste livro é algo que vou sentir falta. De olhos brilhantes conversava com uma amiga sobre o “3“. Ela perguntava, “é leve de ler?” Não sei responder a a isso! Adorei e acaba bem! Diria que é um livro obrigatório para conhecer o que de novo se…