O mármore
O escultor João Pires Cutileiro nasceu em Lisboa em 26 de Junho de 1937 e cresceu no seio de uma família muito ligada aos sectores oposicionistas e anti-fascistas.
A profissão do pai, médico ao Serviço da Organização Mundial da Saúde, leva-o a começar muito cedo a fazer grandes viagens que poderão ter sido determinantes para a sua formação.
Quem entra no Hall do Teatro Garcia de Resende em Évora, depara-se com uma lindíssima árvore branca de mármore que Cutileiro ofereceu ao teatro. Magnífica!
Deixou várias obras polémicas, entre elas o Monumento ao 25 de Abril, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, e uma escultura de D. Sebastião, em Lagos, com que desafiou o Estado Novo, em 1970.
Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual
Tentativas Plásticas em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Tinha um atelier em Évora perto das muralhas que era só tocar a porta e la vinha ele para mostrar obras novas e falar um pouco de escultura.
Numa dessas visitas ele estava a construir um grande carrossel com enormes cavalos para irem para Macau.
Gostava do corpo da mulher e isso demonstra nas várias esculturas que deixou. Mulheres magras e elegantes.
Tenho uma irmã que comprou uma quadro/escultura dele que mostra um pênis. Diz ela que não tinha reparado nesse pormenor quando o comprou. Será?
João Cutileiro foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.
Em 2018, Cutileiro recebeu a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo, numa cerimônia no Museu de Évora que serviu igualmente para formalizar a doação do espólio do escultor ao Estado Português.