Sorria! Olha o passarinho
Vemos quadros nos museus e normalmente se são rostos de homens e mulheres, esses rostos tem uma expressão seria e parece até que estão zangados.
Claro que há motivos por que o sorriso foi pouquíssimo reproduzido tanto na arte quanto na fotografia antiga.
“Sorria!” ou então “Vá lá, faz um sorriso”. Ouvimos isso quase sempre que posamos para uma foto.
Hoje, sorrir é quase uma exigência para tirar fotos e selfies, um reflexo automático: ao ver uma câmara apontando para nós ou ouvindo “eu tiro uma foto sua”, o nosso primeiro instinto é sorrir e nada de ficar com a cara trancada.
Mas, nem sempre foi assim. Na maior parte da história, o sorriso não foi muito popular.
Na verdade, foi pouquíssimo reproduzido, tanto na arte quanto na fotografia antiga.
Uma das hipóteses consideradas para explicar esse fenômeno estranho é a vaidade das pessoas retratadas.
Devido à falta de higiene dos séculos passados, o estado dos seus dentes devia deixar muito a desejar.
Para evitar mostrá-los, mantinham os lábios fechados no momento de captar a sua imagem para a posteridade.
Faltava a pasta de dentes Colgate e ir ao dentista fazer a limpeza.
Embora o tempo e o esforço de posar com um sorriso sejam um motivo de peso para pintá-lo num quadro, há outros motivos, mais sociais do que práticos, para tampouco reproduzi-lo em retratos.
Rapidamente, devido à sua escassez, os sorrisos na arte passaram a ser vistos como radicais e indecorosos.
Se apareciam numa obra, tornavam-se os protagonistas da pintura.
Um retrato era a representação completa de uma pessoa: a sua vida, o seu status, as suas vitórias e por esse motivo não podia ser reduzido a um sorriso.
Tinha de ser sério.
O pintor renascentista Antonello da Messina foi um dos poucos artistas conhecidos que se atreveu a usar o sorriso muitas vezes.
O seu Retrato de um Jovem de 1470, é anterior à Mona Lusa, de Da Vinci 1503, embora esta última tenha entrado para a história em parte por causa de seu sorriso discreto e enigmático e até maroto.
Existe outro fator que a fotografia compartilha com a pintura: essas fotos, por sua escassez, eram de extrema importância para os retratados.
Eram uma maneira de passar para a posteridade.
Veja as fotografias do seu telefone: quantas imagens suas estão à disposição?
Quantas mandou para o lixo porque não estavam bem?
Hoje não precisamos nos preocupar em ser definidos por uma única imagem, mas no passado eles sabiam que era assim.