Coisas Boas em Alta
  • Entretenimento em Alta

    “Só Neste País”, de Filipe Santos Costa e Liliana Valente

    Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar os jornalistas Filipe Santos Costa e Liliana Valente. Ambos são especialistas em política e decidiram lançar um livro que compila a história política de Portugal desde 1975. Ao longo dos anos, foram guardando as histórias mais insólitas da nossa classe política num ficheiro que batizaram de “WTF”. Li o livro com enorme prazer e admito que sou fã desta zona histórica de Portugal. Já era nascido no 25 de Abril, e a minha família sempre teve grande consciência política. Quando era miúdo, ouvia falar destes assuntos nas reuniões familiares. Talvez seja por isso que gosto tanto de explorar tudo o que está relacionado com o pós-25 de Abril. “Só Neste País“ é um verdadeiro prazer de leitura, revelando a classe política portuguesa no seu “melhor”. Naturalmente, tirei algumas conclusões ao longo da leitura, como a ideia de Sá Carneiro ter sido um pequeno ditador,…

  • Entretenimento em Alta

    “Infiltrado” de Jeff Abbott

    Admito que não fiquei grande fã desta obra. Ainda assim, faz sentido falar sobre ela, pois, apesar de não ser particularmente bem escrita, conseguiu divertir-me. A tradução para português apresenta alguns erros de simpatia, como trocas de letras, o que pode incomodar um pouco a leitura. O livro é extenso, mas a narrativa desenvolve-se a grande velocidade, quase como se estivéssemos a assistir a um verdadeiro “filme” de ação. Trata-se de um thriller em formato de série. Apesar de não ter lido os livros anteriores, foi fácil acompanhar a história, já que esta funciona como um enredo independente, protagonizado por Sam Capra. O enredo centra-se na aventura de como alguém se infiltra no seio de uma família envolvida em negócios duvidosos. Ao longo da leitura, ficamos com uma ideia de como se comporta um infiltrado. Há muita ação, muitos tiros, muitos golpes e cenas de luta. Embora seja um livro…

  • Entretenimento em Alta

    Plataforma

    Depois da perda do pai, Michel Renault decide passar uns dias na Tailândia. As cenas de erotismo e sexo são descritas com grande detalhe, o que me surpreendeu. “Plataforma” é um livro sobre solidão e perda, explorando temas profundos e, por vezes, desconfortáveis. Grande parte do livro é narrada na primeira pessoa, mas há momentos em que o protagonista não está presente nas cenas descritas, o que achei curioso. Nunca tinha refletido sobre o turismo sexual, que é abordado no livro como uma realidade perturbadora e muito crua. As personagens têm uma dimensão emocional marcante, o que as torna muito humanas e fáceis de compreender. Gostei do livro, apesar de o considerar uma obra algo depressiva. O protagonista enfrenta uma existência sem muitas soluções ou respostas claras para o seu caminho. Este é o segundo livro que leio de Michel Houellebecq, e fiquei curioso para explorar mais da sua obra.…

  • Entretenimento em Alta

    Emilia Perez

    Vencedor de dois prêmios no Festival de Cannes, inclusive um destinado as atrizes principais da produção e que inclui Selena Gomes é uma obra que divide opiniões. Não deixa ninguém indiferente diante de seu estilo incomum – ou de uma canção e música misturado com o diálogo. Filme bem realizado com uma bela direção de actores  A ação decorre no México, onde Rita (Zoe Saldana) é uma advogada frustrada por trabalhar numa firma corrupta, enquanto o chefe leva os louros de seu trabalho.  Recebe um convite inesperado de Manitas (Karla Sofia Gascón), um poderoso líder de cartel que a contrata para ajudá-lo a realizar um sonho: transformar-se numa mulher a partir de uma cirurgia. Para isso, o traficante vai fingir a própria morte e assumir o nome de Emilia Perez, algo que esconde até da esposa Jessi (Selena Gomez) e dos filhos pequenos, que passam a morar na Suíça, como forma de…

  • Entretenimento em Alta

    José Peixoto um homem que dedicou a sua vida ao teatro

    Provavelmente, esta foi a encenação mais desafiante da sua carreira. Em setembro, José Peixoto enfrentou um tratamento de radioterapia e, há pouco mais de mês e meio, foi submetido a uma cirurgia à coluna. Não foi, de todo, um processo fácil. Contudo, o que é certo é que o espetáculo Os Rústicos chegou ao palco! Há cerca de 35 anos, José Peixoto decidiu traduzir para português uma obra de Carlo Goldoni e levá-la a cena. Esta nova versão, no entanto, não tem nada a ver com a anterior: é mais madura, mais ritmada e profundamente atual. A história transporta-nos para uma sociedade onde a mulher é tratada como uma escrava, obrigada a obedecer às ordens do marido. O enredo centra-se num patriarca que decide casar a filha, transformando o casamento num verdadeiro negócio. A Companhia de Teatro dos Aloés pega nesta narrativa e transforma-a num dos espetáculos mais divertidos que já vi…

  • Entretenimento em Alta

    “O Nosso Agente em Havana” de Graham Greene

    Sou completamente viciado no meu leitor de livros digitais. A televisão deixou de ser a minha companhia habitual, e agora passo os serões a ler. Em média, consigo terminar um romance por semana. Tem sido uma experiência incrível, não só porque me sinto mais feliz, mas também porque estou a descobrir autores que desconhecia por completo. Tenho o hábito de alternar entre um clássico e um autor novo. Desta vez, aproveitando a Black Friday, comprei para o meu Kobo uma obra de um autor que considero um clássico, mas que nunca tinha ouvido falar: Graham Greene. Greene foi um jornalista e escritor britânico com uma obra vastíssima que, até agora, me tinha passado ao lado. Decidi começar com O Nosso Agente em Havana, uma verdadeira sátira ao universo dos livros de espionagem. A narrativa transporta-nos para uma Cuba pré-revolução de Fidel Castro, uma época em que a cultura americana era…

  • Entretenimento em Alta

    “A Varanda do Frangipani” de Mia Couto

    Desde que comprei o Kobo, leio a toda a hora, e quase já não vejo televisão. Tem sido uma verdadeira descoberta, com autores novos e também os consagrados. Já tinha lido obras de Mia Couto e ficado sempre com a sensação de uma delicadeza única. Não se pode ler Mia Couto com a leveza de um romance qualquer. É preciso compreender as entrelinhas, onde cada palavra tem muito mais significado do que o que se capta numa primeira leitura. A sua escrita possui uma riqueza narrativa ímpar; cada frase é um poema carregado de sentido. Mia Couto não é um autor para se ler deitado com sono, porque, provavelmente, vamos perder a profundidade das suas palavras. Confesso que A Varanda do Frangipani me deixou triste, pois é uma obra sobre a morte e sobre como podemos encará-la. Há uma fortaleza em Moçambique que, noutros tempos, foi um ponto estratégico importante,…

  • Entretenimento em Alta

    “O eleito” de Sam Bourne

    Hoje realizam-se as eleições nos Estados Unidos da América. Este é, sem dúvida, o momento ideal para começar a ler este livro. Ao longo da história, ficamos a conhecer os bastidores da vida de um presidente e quem realmente detém o poder na América. São os grupos económicos que controlam e manipulam a política, não apenas nos Estados Unidos, mas também em grande parte do mundo. “O Eleito” não é um livro de história; trata-se de um romance que explora como um grupo económico escolhe um candidato, o prepara e o ajuda a chegar ao poder. Com uma narrativa envolvente e um estilo fluido, típico dos thrillers policiais, o livro cativa do início ao fim. O autor escreve sob pseudónimo e é um jornalista britânico especializado em política internacional. Li mais uma vez a versão digital, um formato que tem sido viciante para mim. Sou completamente fã do meu Kobo…

  • Entretenimento em Alta

    “On The Road” de Jack Kerouac

    Apesar de ser um clássico, nunca tinha lido nada deste autor. Segundo o que investiguei, ele é adepto de um estilo que definiu como “prosa espontânea”, totalmente autobiográfica. Foi um precursor da Geração Beat. Em “On The Road“, conhecemos a história de dois amigos que atravessam a América várias vezes, explorando uma América profunda, repleta de paisagens deslumbrantes, onde conseguimos quase sentir a mudança das temperaturas e das estações. Estes dois amigos vivem de forma descompensada, com muito consumo de drogas, álcool e sexo. Diz-se que o livro foi escrito em apenas uma semana, com o autor, sob o efeito de anfetaminas, a passar dias inteiros a escrever sem parar. É considerado a obra-prima de Jack Kerouac. Peguei no livro e li-o quase de uma vez só, pois as personagens têm uma dimensão profundamente humana. Sam, o protagonista, é o alter ego do próprio autor. Fiquei com vontade de fazer…