Amêijoa japonesa!
Estava a desfrutar de uma paisagem maravilhosa junto ao Rio Trancão, perto da Ponte Vasco da Gama quando comecei a ver muita gente, homens e mulheres debruçados com baldes grandes e pequenos e sacos na apanha da amêijoa japónica pois estava maré baixa.
Já tinha ouvido falar dos pescadores de amêijoa muitos deles ilegais mas nunca pensei que fossem tantos.
Um trabalho difícil pois estão quase enterrados no lodo e numa posição difícil com as costas dobradas. Um mar de gente.
Pelo que soube, por dia são retiradas do Tejo, cerca de 20 a 30 toneladas de amêijoa, para além dos apanhadores que apanham em pé, há mergulhadores de apneia e botija, e ainda barcos com ganchorras que é um instrumento da apanha de bivalves.
Num ano, a um preço médio de quatro euros o quilo, podem atingir os 30 milhões de euros.
Em Espanha o valor duplica.
E é por isso que tanta gente trabalha no estuário do Tejo.
Num dia bom, por maré, cada um pode apanhar 30 quilos de bivalves, são 210 euros limpos, 420 por dia se voltarem na baixa- mar, mais de 13 mil por mês se cumprissem os 31 dias sem folgas.
Resolvi avançar mais, e já no areal, percebe-se que estes não são os ganhos dos apanhadores.
Há quem se proteja da água só com galochas.
Há quem vá de ténis.
Há mulheres idosas de saias compridas .
Há de tudo.
O problema é que a amêijoa pode não ser a indicada para ser vendida e comida nos restaurantes e estarmos com a saúde em perigo.
Mas eles também precisa de viver, e lá no fundo tive compaixão por essa gente que quase fugida a polícia continuar a tentar ganhar algum dinheiro para sobreviver.
Sempre a espera da maré baixa!