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Tatuagens

Nunca me atrevi a fazer uma tatuagem apenas porque tenho medo de agulhas, não tenho qualquer preconceito sobre este tema.

Mas são sinais  dos tempos? Moda? Influência das redes sociais ou uma nova atitude perante algo que o ser humano faz há séculos e que tem sido sucessivamente marginalizado ou mesmo proibido?

A ideia de que as tatuagens são usadas apenas por artistas, marginais ou ainda por ex-combatentes na guerra do Ultramar com o “Amor de mãe” toscamente desenhado na pele mudou definitivamente.

Hoje são mesmo mães e pais de família, professores, médicos, advogados e tantos outros a tatuarem o corpo. Tornou-se transversal à sociedade, ou quase.

Hugo Makarov, um dos tatuadores mais conhecidos do país, que já tatuou o escritor José Luís Peixoto e o chef Ljubomir Stanisic, de quem é amigo, diz que a sociedade portuguesa tem de crescer a tantos níveis que “a tatuagem é só uma parte”.

Conta, pela sua experiência, que quem mais sofre por ter tatuagens é quem trabalha em empregos mais convencionais e tem de lidar com pessoas mais velhas e menos liberais. “Para quem anda de fato e gravata é indiferente. Tenho amigos que trabalham em bancos e estão todos tatuados.”

Apesar da mudança, da adesão e da democratização, a maioria das tatuagens é eternizada em locais do corpo escondidos dos olhares mais conservadores e que apenas com o tempo mais quente e menos roupa, na praia ou na intimidade, são revelados.

Há uns anos, seria impensável trabalhar no atendimento ao público, com tatuagens. Hoje vemos pessoas tatuadas a trabalhar em diferentes profissões sem que isso tenha necessariamente uma conotação negativa. Aliás, a quebra gradual do preconceito pode ser uma das razões por que vemos mais pessoas tatuadas.James Cook, foi o inglês que inventou a palavra “tatuagem”.

O termo tatuar, que por definição respeita à técnica de introduzir sob a epiderme matérias corantes, não seria reconhecido antes do século XVIII. Atribui-se a James Cook, capitão da Marinha Real inglesa, o apadrinhamento da palavra. Cook faz alusão como na Polinésia a palavra tatua, significava os finos dentes de tubarão que faziam de agulhas, com a ajuda de pequenos martelos faziam desenhos na pele,

Do tattoo inglês para o tatouage francês, as tatuagens cumpriam uma viagem de circumnavegação ao planeta.

A velha Europa redescobria as tatuagens e espantava-se com as pinturas geométricas faciais dos maoris, nativos da longínqua Nova Zelândia.

Para aquele povo milenar, tatuar o rosto revelava nobreza, pertença, vínculo a um clã e guerra. 

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