Uma Casa Portuguesa
Sentada na plateia do Teatro Nacional passam diante dos meus olhos representações de actores magníficos.
Durante 2 horas que passam a correr, acompanho uma peça de teatro com óptimas interpretações do João Lagarto e a grande surpresa de dois fadistas que me deixaram de queixos caídos que compõem o Fado Bicha.
Fado Bicha é um projeto musical e ativista criado e desenvolvido por Lila Fadista, na voz e letras, e João Caçador, nos instrumentos e arranjos.
Lila Tiago com um voz imensa a cantar e a representar muito bem que eu confesso desconhecia. A encenação surpreende e cativa. Tudo funciona e resulta. Pedro Penín cresceu e de que maneira.
É pois da conjugação do fado, diário de guerra e ensaio filosófico que nasce o espetáculo de abertura da Nova Temporada do Teatro Nacional D. Maria .
Esta peça conta a história de um ex-soldado da Guerra Colonial que, conversando com os seus fantasmas, se vê confrontado com a decadência e a transformação do ideal de casa e de família.
Por exemplo, na casa e através da casa, que se gera a maior parte da violência sexual, que se privilegia o racismo.
No final dos anos 40, num bar de um hotel em Moçambique, 3 portugueses escrevem a canção Uma Casa Portuguesa, um fado pobre e alegre que reproduz um saudosismo a ideia de Portugal, bem ao gosto do Estado Novo.
A música é de Artur Fonseca e a letra de Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira.
A Casa Portuguesa, passados 48 anos de vida democrática, continua a ser muito cantada e muitos sabem de cor a letra.
Em 1968, Joaquim Penim, parte contra a sua ideologia, para a Guerra Colonial em Moçambique, experiência que servirá de matéria para escrever esta peça.
Aconselho vivamente a irem até lá! Belo espetáculo.