Do Deslumbramento um exercício de memória
O teatro Meridional está de parabéns pelos 30 anos de atividade.
Conseguiu transformar um armazém numa sala confortável de teatro com produção regular.
Estes 30 anos são assinalados com o espetáculo mais pessoal da companhia.
Miguel Seabra sofreu um AVC uns minutos antes de entrar para o palco.
Este episódio é contado de uma forma metafórica, o ator é um trapezista sem assas que um dia cai do arame.
As palpitações, as mãos suadas, a luz branca, o deixar de sentir e finalmente o blackout!
Tudo isto vivido em palco, com o espetáculo a decorrer.
Um ator não abandona o palco, o ator não se constipa em cena.
O que terá salvado a vida de um grave AVC foi o exercício da memória.
As vivencias em palco, as deixas, os textos marcantes, os dias de formação. em resumo foi o teatro que o salvou.
São belas as passagens do registo teatral para o naturalismo.
Rapidamente passamos da interpretação do texto Tennessee Williams “Bruscamente no Verão Passado” para a história do acidente em palco!
As inquietações dos atores, a linha cénica dos encenadores.
O teatro dentro do teatro!
Que grande espetáculo, admito que sai perturbado pelas emoções que me fez sentir.
Que venham mais 30 anos de bom teatro