O rico, o pobre e o do Linhó!
Apesar dos equívocos criados por comensais incautos, este TAVARES fica no Linhó, Sintra.
Sediado no local que outrora albergava uma oficina de motas, António T, como quem mete a primeira, abriu um restaurante em 1998, movido pela necessidade de trocar os fumos tóxicos dos motores pelos tachos de aromas fumegantes.
É, todavia, em 2011 que o projeto, então abraçado pelo sobrinho Frederico Tavares, conhece um novo rumo, que hoje segue já em velocidade de cruzeiro na estrada dos paladares de Sintra.
Num espaço agradável onde se reconhecem os vários incrementos feitos ao longo dos anos, salienta-se uma simpática esplanada “anti-covid”, onde se erguem quatro oliveiras que contribuem para uma refrescante e simpática sombra.
Decidido a comer carne, depressa me rendi à variada carta de peixes que anunciava toda a frescura do mar, afinal não muito longe dali.
Contudo, duas iguarias tinham-se-me fixado na ideia, mal vislumbrei as indicações escritas ainda na entrada: uma pela inusitada combinação e a outra pela anunciada frescura pela qual gritava já a minha sequiosa garganta. Refiro-me à farinheira de porco preto com mel e à sangria de espumante e frutos vermelhos. A chegada destes dois elementos à mesa apenas aumentou a expectativa dada a apresentação de arregalar qualquer olho.
A farinheira bem tostada regada com o delicado mel revelou-se uma parceria de sucesso pela forma como no palato se degladiavam dois sabores tão antagónicos e, simultaneamente, tão harmoniosos.
E o que dizer da sangria? A receita, obviamente não revelada, confundia a variedade dos frutos num espumante seco que climatizava o corpo à medida que deslizava no seu interior. Como dizia o sempre atento e simpático funcionário João Ferreira, é “uma sangria com alma”. Foi, sem sombra de dúvida, a melhor que alguma vez bebi!
Pedi também uma saladinha de polvo cujo tempero e suculência casavam na perfeição com frescas fatias de pão da região alternadas com carnudas azeitonas.
Finalmente, umas lulas com camarão à lagareiro acompanhadas de batatas a murro e grelos, tudo salteado num generoso molho de azeite, alho e coentros. Refira-se a inigualável textura amanteigada do molusco que se desfazia na boca a cada suave dentada.
Acabada a refeição principal, não fiquei com a telha, pelo contrário; essa seguiu vazia para a cozinha juntamente com o jarro da bebida. E porque as gorduras consumidas precisavam de uma boa digestão, optei por uma mousse de lima cuja acidez e sabor cítrico claramente lhes deram um empurrão.
A rematar, e a fazer ecoar na memória o negócio primordial daquele espaço, o famoso digestivo “toque de embraiagem” servido em minúsculas canecas de barro.
Enfim, da próxima vez que for ao Linhó, vale a pena travar a fundo nesta localidade e estacionar perto do Tavares! O seu estômago não ficará em ponto morto!.
Preço por pessoa €€ 23
Já nao vou lá há algum tempo. Gosto da comida, do espaço interior e exterior e de umas bailadelas na esplanada no verão. Voltarei