Olha a Bola de Berlim
Este ano já comi uma bola de Berlim.
Foi no Algarve e pareceu-se mais pequenina das que se vendem nas praias da Costa de Caparica.
Soube-me bem e não percebo porque há tanto medo que elas façam mal.
Por serem fritas ?
Por terem açúcar?
Não sei mas eu como.
São redondinhas, fofas e polvilhadas com bastante açúcar.
A Bola de Berlim combina muito bem com a praia e com o verão.
Esta bolinha tão portuguesa, nasceu da sua colega alemã, a “Berlinesa”.
Uma viagem deste bolo até à Europa do Sul por causa das migrações, nos anos 40 do século XX, na altura da Segunda Guerra Mundial.
As famílias judaicas em fuga da Alemanha Nazi, introduzem a receita da “Berlinesa” em Portugal.
Claro que sofreu adaptações ao gosto nacional o que é normal.
Ou seja, em terras lusas, a Bola de Berlim perdeu o seu original recheio de doce à base de frutos vermelhos, ganhou um corte transversal onde se introduz o creme de ovos.
Os portugueses aplicam na bola alemã aquilo em que há muito são exímios: a doçaria à base de ovos, neste caso o creme pasteleiro que é uma mistura de água, leite, açúcar, farinha, gemas e claras de ovo.
Quando vou ao Corte Inglês também encontro Bolas de Berlim na Pastelaria Aloma que são bem feitas e saborosas. Experimentem!
Na produção deste bolo não há segredos.
Pesa, claro, a qualidade dos produtos.
Leva farinha, ovos açúcar, margarina, sal e um pouco de brandy.
Os pasteleiros tem de ter boa mão para amassar.
O creme de ovo tem de estar no ponto para tudo ficar perfeito.
Para os puristas Bola de Berlim é precisamente com este recheio de ovos.
Contudo, desde a década de 1990, apareceram novidades: a Bola de Berlim com doce de chocolate, com doce de morango ou doce de leite, que eu não consigo comer.
Mas não se pense que a Bola de Berlim, ou Berliner, é um exclusivo português e alemão.
No Brasil chamam-lhe sonho, nos Estados Unidos os Bismarcks e em França o carinhoso nome de Boules de Berlin. Atire-se a uma Bola e não tenha vergonha quando olharem para si como estivesse a cometer um pecado.