Casas Dona Vitória
Há sítios e sítios.
Depois há aquele sítio, onde fomos estupidamente felizes.
Aquele onde dizem que nunca se deve voltar.
Errado.
À boa maneira portuguesa gostamos de comparar tudo o que é nosso com o que existe fora.
O Burgau não é exceção quando o classificam como a Santorini portuguesa.
Deixem lá isso.
Santa semi-clandestinidade que o preserva assim: simples, genuíno e acolhedor, como nos tempos da Dona Vitória. Mulher de armas, empreendedora, cuja história vale a pena conhecer pela boca da neta Cláudia que recuperou o casario da avó transformando-o num sítio mágico à beira-mar.
Das Casas Dona Vitória, ouvimos a água a cair no antigo tanque de lavar a roupa, agora com peixes vermelhos, vemos as colinas pintadas de branco que nos abraçam e o infinito mar esmeralda em frente.
A praia branca entra-nos pelos olhos e, pelos ouvidos, a corneta do OlhaaBolinha a anunciar o momento alto do dia, no areal. Nas traseiras da carrinha ergue-se um autêntico muro de Berlim recheado de creme dourado, à frente do qual se alinha uma fila de felicidade.
Volta-se para a toalha com a boca cheia de açúcar, sem culpas, e colocamos os óculos de mergulho para ver, mais uma vez, as dezenas de peixes despreocupados que vivem nas rochas caídas no mar.
Da praia vemos o casario da Dona Vitória e apetece-nos voltar, descalços, salgados, para o pátio em frente ao mar e ver o Sol desaparecer atrás das rochas. E agradecer.
À vida, à Dona Vitória e à Cláudia.
Verdade terra maravilhosa,mágica.
Aqui nasci e aqui voltei para passar o resto dos meus dias, seja verão seja inverno é maravilhoso .h