Cristina Cherry “GIRL OF YOUR DREAM”
Por um acaso conheci Cristina Cherry, uma miúda de 25 anos com muita vontade de triunfar no mundo da música.
Uma lutadora que um dia decidiu ir viver para os EUA para ganhar experiencia.
Tem uma voz meia suja, que lhe dá a capacidade de chegar a um público mais adulto.
Um dia decidimos passar uma tarde juntos e o resultado foi esta boa conversa.
Como foi que a música surgiu na tua vida?
A música faz parte da minha vida desde que me conheço por pessoa.
Disse, pela primeira vez à minha mãe, aos cinco anos de idade, que iria ser cantora quando fosse adulta. Nessa altura não sabia cantar, porém o meu pai sempre foi cantor – imitador do Elvis Presley -, e terá sido esse o gatilho, creio eu, para me afirmar tão cedo com tamanho sonho.
Passei por diversas fases e desafios durante todo o meu caminho enquanto pessoa e artista. Fui descriminada e rejeitada, por ser tão sonhadora e achar que alguma vez fosse chegar tão longe, ou que sequer fosse ser cantora.
Recordo-me de um miúdo dizer na minha cara (de forma agressiva) que eu jamais fosse cantar na vida – isto com os meus doze anos.
Foram situações diversas, muitas pra contar – que me tornaram a mulher e artista que sou hoje. Sou grata a todas elas.
Musicalmente, consegues definir-te?
Depois de muito estudo, principalmente sobre mim, descobri coisas incríveis que achava impossível ser aquilo tudo no passado.
Aos 19 anos descobri a minha paixão pelo blues. Percebi que era realmente aquilo porque ao improvisar saía-me da alma. A melodia, a letra, o sentimento – a mensagem. Estava tudo lá. Na hora de criar desapareciam dificuldades ou barreiras. Era um céu aberto de infinitas possibilidades e uma magia inexplicável.
Hoje, posso definir-me como uma artista de mente aberta e, por conseguinte, versátil. Aprendi a gostar de ouvir e criar em vários estilos: o pop, o rock, o alternativo, o indie. Por outro lado, o meu estilo genuíno, é o blues.
As tuas canções falam de quê?
Nas minhas canções falo acima de tudo, da verdade. Uma verdade que, na maioria das vezes, não a controlo e confesso desconhecer muita coisa que me sai na hora de escrever.
Acredito ser guiada pelo inconsciente no momento a que chamam de inspiração.
Somos tanto e sabemos tão pouco sobre nós. Eu uso a música como forma de terapia e de autodescoberta também.
Acima de tudo, falo de amor. Amor de várias formas. Falo sobre mim. Um eu, que é o espelho do outro.
Quais são as tuas principais influencias?
As minhas principais influências dentro do blues são BB King e John Lee Hooker. Na atualidade, a Miley Cyrus.
Sinto que tens uma preocupação com a imagem!
Qual a importância da imagem para quem esta a começar uma carreira?
Desde miúda que o glamour sempre me cativou. A principal figura que me inspirou e continua a inspirar é a Marilyn Monroe. Um ícone que jamais será esquecido, e infelizmente não passou a mensagem que queria enquanto viva. Esta queria mostrar que para além de uma mulher bonita, também era inteligente. A imagem é de facto algo muito importante para o mundo da música, sem dúvida. E não só, devemos cuidar de nós e sentir-mo-nos bem todos os dias. Isto seja com ou sem maquilhagem. Vivemos numa era em que mostrar que somos seres humanos e vulneráveis é algo atraente, e fico muito feliz por isso.
Porque só agora começas-te a gravar originais?
O progresso costuma ser lento, embora tenha sido persistente todo o caminho, sem parar. Comecei a procurar por estúdios há quatro anos. Estive nos Estados Unidos a viver e a trabalhar durante um ano, na perspetiva de realizar esse objetivo – gravar as minhas músicas originais. Foram várias portas que procurei abrir, no entanto, só agora senti que se abriram. Só agora lanço os meus primeiros trabalhos porque o investimento é todo da minha parte. Estou sozinha neste processo ainda, e consegui-lo fazer desta forma já me sinto uma vencedora.
Viver no algarve não é um problema para quem ter uma carreira na música?
Confesso que já vi Portugal como um cantinho para mim. Acreditava que aqui não iria fazer carreira. Depois de regressar dos Estados Unidos, vim mais madura e com a mente mais aberta. Senti e avancei. Acho que quando queres alguma coisa, estejas onde estiveres, tudo é possível.
Porque não compões em português?
Na verdade, eu componho muito em português. Adoro escrever em português e no futuro até penso em escrever um livro. Também já vi a música portuguesa como algo impensável para mim. Hoje em dia, tudo é uma oportunidade para me conhecer mais e divertir-me mais. Já gosto de me ouvir cantar em português, e quem sabe, no futuro, surja um lançamento meu na nossa língua materna.
Também tiveste uma passagem num concurso de casa talentos!
Como foi essa participação?
Fui concorrente do Ídolos Portugal 2022. Na altura foi tudo uma surpresa. Inscrevi-me só porque sim. Já tinha tentado várias vezes entrar no The Voice Portugal e não tinha conseguido.
Na altura achei a experiência incrível e bastante desafiadora.
Foi um misto de sentimentos pois envolve o cansaço e o entusiasmo. Fui até à fase do teatro e aí terminei. Nesse mesmo ano estava a começar a minha jornada a fazer música ao vivo a tempo inteiro. Acredito que saí porque assim teve de ser para o meu bem.
Sou grata pela oportunidade de participar e aparecer!