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Ressalto P’ra Vida

O “Ressalto P’ra Vida” é um projeto que pretende sensibilizar a comunidade basquetebolista, e o público em geral, para a dádiva de sangue e medula óssea. 

Arranca este sábado, dia 22 de Julho, e irá percorrer todo o país com várias iniciativas, para angariar dadores e criar mais oportunidades para que esta prática se torne cada vez mais regular.  

Para muitos será apenas mais uma causa e mesmo que, na verdade todas as causas sejam muito importantes, esta tem um significado especial para mim.  

Permitam-me contextualizar. 

Fui, durante muitos anos, treinadora de Basquetebol.  

Comecei por ser monitora no minibasquete. Até que um dia, um grupo de meninas me pediu para formar uma equipa de iniciados femininos (que não existia no clube). 

Numa altura, em que o Basquetebol feminino não tinha praticamente expressão nenhuma, este pedido foi um desafio… mas também foi a minha primeira grande lição enquanto treinadora.  

Para se formar uma equipa feminina, seriam necessárias mais meninas.

E logo aí presenciei a força delas, pois conseguiram, em pouco tempo, criar os meios necessários para a direção do clube constituir todos os escalões femininos de formação.  

Hoje são mulheres. E quando as vejo, encho-me de orgulho.   

Confesso que, em todos os anos enquanto treinadora, muitas vezes me questionei se estaria a conseguir influenciar positivamente cada uma destas meninas, ou se teria capacidade para passar o fundamental para a sua formação e posteriormente, para a vida adulta.  

Não me interpretem mal, mas sempre acreditei que a função de um treinador não se esgota no ensino das técnicas e táticas específicas da modalidade.

Sei que fui rígida no respeito entre todos e no cumprimento das regras, não só de jogo, mas de civismo e desportivismo, enquanto tentava também ser amiga e confidente.

Não é fácil manter este equilíbrio. Porém, sempre senti que a minha responsabilidade ia para além do desenvolvimento desportivo destas meninas.  

Era comum ouvirem-me dizer frases como: ” podem nunca ganhar nenhum prémio como atletas, mas se tiverem princípios e valores ocuparão sempre o primeiro lugar” ou “o basquetebol tem muitas semelhanças com a vida”.  

E hoje, volta a confirmar-se.  

 A Márcia, foi uma das meninas que eu treinei, que decidiu seguir carreira no basquetebol. Representa a seleção nacional de 5×5 e 3×3 e este ano, voltou a ser campeã nacional, no clube que representa.  

É ela a grande impulsionadora desta campanha. Ao deparar-se com poucas iniciativas de ajuda, mas vários casos de doença, ou mesmo morte, de colegas de profissão, insurgiu-se e juntou-se à “Mundo Inseparável Associação” (uma ONG criada também por outra menina que treinei).  

Juntas, estão determinadas em mover toda a comunidade basquetebolista numa espécie de espírito de equipa, mas fora de campo.  

Ao mesmo tempo, voltam, novamente, a procurar mais “jogadores”, junto do público em geral, para esta equipa, chamada causa.

E aqui, todos nós temos um papel importante.

Com um pequeno gesto, podemos fazer a assistência decisiva para que alguém ganhe, não o jogo, mas a vida. 

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