-
Filipa Vieira no Teatro Maria Matos
Filipa Vieira mostrou a Lisboa o seu mais recente e bom álbum, ” Sabe Deus“, produzido por Tiago Pais Dias. E em palco mostrou o que se sabia e esperava: parte do fado, mas a sua música não se fica por convenções, cruza outras sonoridades, com letras que recorrentemente aborda temas como o do assédio sexual. Filipa Vieira mostrou ser uma bela intérprete, forte, confiante e segura em palco, com um “look” arrojado e a léguas dos cânones tradicionais, servida por uma banda de nível: Pedro Dias (guitarra portuguesa), Flávio César Cardoso (viola), Zé Ganchinho (baixo), Manuel Oliveira (piano) e Nuno José (bateria) – com Jonas como (único) convidado do espetáculo. No fim, saí naturalmente agradado, mas voltaram-me, de forma ainda mais vincada, as interrogações do porquê desta artista não ser mais conhecida e reconhecida e de canções como “Vai Dar Banho Ao Cão” e “Cortar Os Impulsos” não andarem…
-
Milhanas no Teatro Maria Matos
Só agora, Milhanas apresentou em Lisboa o seu álbum de estreia, “De Sombra A Sombra.” Primeira surpresa, a abertura do espetáculo: à frente de um palco escuro e com o chão iluminado com luzes de Natal, na penumbra, sentado, Ricardo Ribeiro oferece-nos “As Mondadeiras”, antes mesmo da entrada da estrela da noite. E que estrela! De entre a nova geração, Milhanas é um caso à parte, que nos entranha, derrota e arrebata. Depois, as outras surpresas, os convidados, um a um e de seguida: Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Luísa Sobral, Agir, Samuel Úria e Van Zee. Como ela disse, músicos e cantores que a inspiram. No fim, e sempre: Milhanas, enorme Carolina Milhanas, com a sua banda. E provou tudo o que dela esperava: é uma abençoada miúda, uma intérprete de excelência, uma voz incrível e grave, um timbre único que nos deixa ouvir e sentir todas as palavras. Um talento, sem paralelo por cá. Parece que…
-
Gisela João canta Abril no Teatro Tivoli
Alguém que pegue num dicionário de sinónimos e poste aqui tudo o que corresponda a sublime, fantástico, divinal e por aí fora que ainda estou de queixo caído e pele de galinha com o espetáculo de Gisela João na noite de 25 de Abril. Num cenário todo branco, ela própria qual anjo com pés descalços num baloiço rodeado de cravos vermelhos, assim cantou, muitas vezes sentada no chão ou deitada, com aquele vozeirão e com o que lhe vinha do fundo da alma, acompanhada por apenas dois músicos (um, em viola e guitarra elétrica e outro a manobrar as teclas e os sintetizadores.) A verdade é que esta mulher é do caraças!! Abençoada! E sorte a nossa que ela é nossa! Apetece muito agradecer-lhe por uma noite linda: obrigado, Gisela João por quereres sempre ir mais além e fazer diferente nesse misto de génio com saudável loucura, que nos torna privilegiados em…
-
Zé Vargas no Auditório Carlos Paredes
O talento é proporcional à dimensão física deste ex-basquetebolista que mesmo com a voz doente (que pouco se notou) mostrou os seus dotes de guitarrista e, sobretudo, de um belo compositor que sabe jogar com as palavras nas histórias que conta. No fundo, são as canções, sempre as canções que são o foco. E as de Zé Vargas são ótimas. No Auditório Carlos Paredes, na noite sábado, este foi assim o seu primeiro concerto mais a sério, testemunhado pela família, amigos, a professora de canto, o João Só e quem quis ir à descoberta de um jovem músico. Acompanhado por Johnny Barbosa (viola) e João Pestana (baixo), Zé Vargas mostrou os seus singles, os EPs “Palpites, Lado A” e “Mais Que Marias” (incluindo uma pequena homenagem à querida Sara Tavares), canções que sairão no “Palpites, Lado B” (a lançar ainda este ano), outras que talvez surjam mais tarde num LP…
-
Lázaro ao vivo no Moche
O pequeno Espaço Moche no Cais do Sodré tem sido palco para showcases de artistas da nova geração ainda a fazerem-se à vida, como é o caso de Lázaro, que dava primeiro concerto em Lisboa. Ontem à noite fui lá porque aposto muitas fichas neste jovem. E, de facto, ao vivo, acompanhado apenas à viola, Lázaro mostrou-me, neste espetáculo “em família”, que estou a apostar bem.Boa voz, boas canções, boa onda, boa alma. Levou as suas canções conhecidas, como “Saltei Fora”, “Tudo Bem” e “Camolila” estreou outras, como “Rotunda” e “Agora” (provavelmente, o próximo single), fez versões (por ex. de The Weeknd) e convidou Mallina (para ” Chaga” dos Ornatos Violeta) e Rita Rocha para o já conhecido “Flores”. Lázaro Menino ficou conhecido do grande público depois de participar no “The Voice Portugal” em 2020. Estudou Produção e Direção Musical na ETIC. Neto de um trompetista e maestro da banda…
-
João Caetano no Maria Matos
Confesso ter chegado tarde a João Caetano e ao seu universo muito pessoal e original, esta espécie de música tradicional-pop-fado por um homem com um currículo invejável que se apresenta na frente do palco com a voz e os seus dois bombos e acompanhado por músicos do melhor que há, com guitarra portuguesa (Rui Poço), acordeão (Inês Vaz), viola (Bernardo Viana) e baixo elétrico (Rui Pedro Pitty), a que juntou outra guitarra portuguesa (André Dias) e trompete (Gileno Santana). Na sua primeira vez no Teatro Maria Matos, com o pretexto de promover o novo EP “Cada Vez Mais”, cantou originais, muitos com letra do malogrado amigo Paulo Abreu de Lima, passou por José Afonso e Vitorino, foi ao Brasil de Vinícius & Toquinho e não esqueceu clássicos como “Loucura (Sou do Fado)”. Uma plateia repleta de familiares, amigos e artistas (por exemplo, Dino d’Santiago, Rui Veloso, Diana Castro, Latte, Luar,…