
Teatro dos Aloés e apoio público
O Teatro é para nós uma assembleia onde a cena coloca problemas humanos e sociais e a plateia julga. E depois os espectadores actuam, fora dos teatros, segundo as suas reflexões, conclusões e convicções, de maneira a criar um mundo melhor.

Quando há vinte anos criámos o Teatro dos Aloés tivemos várias possibilidades de estabelecer a companhia, mas a Amadora pareceu-nos o lugar ideal e onde a nossa acção poderia ser mais útil e eficaz.

Uma cidade que concentra tantas etnias, línguas e culturas como a Amadora não existe em muita parte, e o nosso contributo iria no sentido de uma integração cultural sem perda de identidade, num mundo de tolerância.

A decisão estava tomada e organizámos um programa que respondesse a este propósito. Estreámos textos e autores que nunca tinham sido exibidos em Portugal.
Tivemos também em conta escalões etários, o grau de relacionamento do público com o teatro e tentámos criar laços estreitos, através de cursos de iniciação à prática do actor e conversas sobre o teatro.

Acolhemos outras companhias. Queríamos que o nosso público visse outras formas de teatro.
Desde o início fomos apoiados pela DGARTES e pela CM da Amadora.
Há 2500 anos, na antiga Grécia, a Cidade-Estado também apoiava o Teatro, pagando aos poetas, aos actores, aos músicos, a todos os participantes no espectáculo e até os espectadores, que tinham de deixar o trabalho para ir ao teatro, eram compensados porque o teatro era considerado um instrumento fundamental para a formação cívica, cultural, moral, política e democrática.

O nosso público cresceu, fomos reconhecidos e estabelecemos relações que vão para além da simples relação actor-espectador. Recebemos espectadores da capital, das terras vizinhas e de algumas não muito próximas.
Recentemente as regras dos concursos da DGARTES mudaram, privilegiando programadores e certas formas «performativas», gerando um enorme caos e prejudicando muitas companhias de reconhecido mérito, de longos anos de serviço público, ignorando as dificuldades da sua distribuição geográfica e também criadores de renome, há muitos anos reconhecidos.
O nosso programa para 2020-21 foi considerado ilegível, mas, com grande surpresa nossa, fomos a primeira companhia não apoiada na lista das ilegíveis, por falta de verba para apoio.
Mas nós queremos continuar a trabalhar e podemos dizer com orgulho que o público também nos solicita, também nos diz que não podemos ir embora, nem cessar a actividade.
E simultâneamente surgiu a pandemia que torna toda a nossa actividade ainda mais difícil.
Organizámos um programa susceptível de ser feito com pouco dinheiro e no calendário que nos permitir a pandemia.
Não vamos desiludir o nosso público que nos reclama e acreditamos que brevemente haverá uma vida nova.

